Uma escala de emoções e números
Ao longo de 17 anos de carreira de arquitecto e consultor já lidei com projectos de diversas dimensões, objectivos e complexidade ao longo de 4 continentes.
O processo de pensar a arquitectura tem um denominador comum que é o de servir a função para o qual foi criado. Um edifício muito bonito que não sirva a sua função é uma escultura cara com pouca utilidade e que vai acabar por não ser.
O método desenvolve-se à volta de um conjunto de etapas que começam logo com um ponto de partida. Qual o objectivo do projecto?
Eu acredito de forma clara que a arquitectura é o meio para que o meu cliente possa construir ou reabilitar o seu activo e conta com a nossa experiência e o nosso expertise para o fazer de uma maneira funcional, com controlo de custos, rápida, inteligente e sustentável.
Projectar é um processo com uma linearidade de etapas estanques, mas o que lhe dá graça é que cada caso é um processo único e irrepetível. Todos os clientes são diferentes e se entrarmos nas casas de luxo com arquitectura alto padrão o processo pode recriar-se e ganhar novos processos dentro de cada etapa.
Este percurso que nos conduz desde a escolha da casa, edifício ou terreno até à conclusão da construção e à entrega da obra ao cliente. Em casos especiais temos equipas que têm condições de deixar o imóvel pronto a habitar com uma garrafa de champanhe no frigorifico uma cápsula de café na máquina expresso.
E como definir um projecto? Racional ou emocional?
Do lado do arquitecto o projecto é um caminho racional que se esconde atras da criatividade que lhe dá as emoções e o tempero passo a passo que o projecto precisa. Contudo do lado do cliente nem sempre contamos com esta racionalidade continua. Cada cliente é diferente e vive cada momento do projecto de sua maneira. É muito difícil generalizar perfis e percursos, contudo há semelhanças que nos permitem organizar os clientes pelo seu posicionamento relativamente ao projecto.
Os Clientes Investidores
Os Clientes mais racionais são os investidores. Para o investidor o projecto tem de ser o resultado de um conjunto de premissas que nascem de um briefing muito objectivo e cujo resultado deve respeitar os pressupostos financeiros de um business plan rigoroso. A Arquitectura é o meio pelo qual todos os seus números se equilibram e ganham forma pelo que cabe ao arquitecto por o seu conhecimento e experiência na procura da melhor solução que respeite ou até valorize o business plan inicial.
O trabalho com o investidor começa logo com a procura do imóvel certo e com uma avaliação preliminar sobre o potencial que o imóvel tem para receber o investimento que o cliente pretende.
Cruza-se o programa e volumetria pretendida com a legislação aplicável num estudo de viabilidade e desenvolve-se um organograma funcional para avaliar quantas tipologias ou unidades de alojamento se podem concretizar.
A fase termina com um estudo de viabilidade económica que dá ao investidor uma ideia concreta sobre os custos inerentes ao investimento, os rendimentos e o lucro previsto.
Validados o estudo de viabilidade de construção e de viabilidade económica segue-se para a compra e o investidor fecha o negócio já com a certeza de que o imóvel serve as suas pretensões.
Depois de comprado o edifício avançamos para a fase de estudo prévio onde o novo proprietário do imóvel vê concretizados os projectos de cada casa ou apartamento, caso se trate de moradias ou um edifício.
Na fase de estudo prévio os clientes afinam todo o projecto com a sua imagem e os seus inputs espaciais, alguns investidores já têm algumas imagens de marca nos seus edifícios e é nesta fase que asseguram que tudo fica como pretendem.
O estudo prévio é muitas vezes acompanhado de uma estimativa de custo da obra, para que o investidor possa continuar para a fase de licenciamento com toda a segurança.
Com a conclusão do estudo prévio, arquitectura e custos aprovados, o processo está em condições de ser licenciado e trata-se da instrução dos projectos de arquitetura e engenharias.
Após a aprovação da fase de arquitectura pela camara municipal deve iniciar-se a fase projecto de execução momento em que o edifício é todo detalhado, escolhem-se os acabamentos interiores, desenham-se casas de banho, cozinhas, janelas, pavimentos tectos, carpintarias, cantarias serralharias e todos os pormenores importantes para a correcta execução do projecto em obra. O projecto de execução melhora a velocidade da obra, das encomendas e controla os custos de execução.
Esta fase termina com um conjunto de peças desenhadas e escritas que vão servir para a orçamentação e controlo dos pagamentos e da qualidade da obra.
Acompanhamos a consulta aos empreiteiros e temos parceria com advogados que podem assessorar o dono de obra a fazer um bom contrato de empreitada.
Entretanto, enquanto isto se desenrola a Câmara emite a licença de obra e faz-se o acompanhamento dos trabalhos e a coordenação de todo o projecto com o construtor.
Ao terminar a obra trata-se de toda a documentação necessária para seja concedida a licença de utilização e os advogados tratam do registo de cada unidade de alojamento.
Geralmente os clientes investidores terminam o processo connosco na fase em que o edifício está pronto para ser comercializado.
A obra é entregue e os clientes investidores valorizam muitíssimo o rigor orçamental e de tempo de execução.
Os Clientes Particulares – cliente final
Os clientes particulares são de todos os clientes os mais emotivos. As etapas de um processo com clientes particulares são equivalentes ao processo apresentado para os investidores, contudo no caso dos clientes particulares todo o timing é mais extenso. Todas as etapas são mais duradouras com excepção da compra, pois o cliente particular compra com mais facilidade com o coração do que com a razão. No caso dos investidores o momento da compra é dos momentos mais racionais e demorados do negócio, o mesmo não acontece com os clientes particulares. O “match” de números que os clientes investidores exigem facilmente se transforma no caso dos clientes particulares numa boa sala, um bom terraço, uma boa localização ou até mesmo numa boa vista.
No caso dos clientes particulares todo o processo é mais prolongado, pois não é todos os dias que fazemos a nossa casa por isso cada pormenor é definido ao mais pequeno detalhe. Não se estranhe de estar 4 horas num showroom a olhar para um par de amostras de chão e a fazer drafts de como as peças se podem conjugar ao nível da sala.
Ao contrário do cliente investidor o cliente particular é um cliente que guarda geralmente uma margem de valor para o caso de querer escolher um chão melhor ou um equipamento especial.
O rigor orçamental é sempre importante, contudo os próprios clientes deixam muitas vezes deslizar um pouco a sua meta orçamental para melhorar a sua casa.
Outra grande diferença entre os clientes investidores e os clientes particulares é que os segundos estão a construir para os próprios, por isso todos os detalhes são personalizados, armários, cozinhas, casas de banho, localização de electricidade são personalizados de acordo com o gosto e as necessidades do cliente.
Nestes casos há a necessidade de acompanharmos o cliente até ao dia que entra no imóvel participando as nossas equipas na entrada do cliente no Imóvel. Por vezes pode ser pedido para desenhar mobiliário ou o cliente requerer a mudança e a montagem das peças.
Chegámos já a ter de introduzir na equipa uma “personal organizer” de forma a optimizar toda a arrumação da casa e a organização de todas as zonas antes da entrada dos clientes.
É neste tipo de clientes em que podemos entregar a obra pronta a habitar com a garrafa de champagne no frigorifico, as roupas nas gavetas e a cama feita.
Os clientes Corporate
Os clientes corporate enquadram-se entre os clientes particulares e os clientes investidores.
São clientes que usam os nossos serviços para melhorar o seu negócio, lojas escritórios, clínicas, restaurantes, hotéis etc.
São geralmente clientes muito práticos que em poucas reuniões definem todo o processo. São clientes para quem tempo é dinheiro, por isso procuram soluções inteligentes e fáceis de implementar cujo custo se enquadre no budget definido.
Esta é a sua componente mais racional, contudo para este tipo de clientes aquilo a chamamos de “UAU Effect” é muitas vezes a peça chave do projecto e do futuro espaço de trabalho.
Repare-se que é comum gravarmos na cabeça uma sala de reuniões de um escritório de advogados, uma entrada de um hotel, uma determinada imagem de um restaurante.
Naquela empresa, naquele serviço ou naquele restaurante procuram alguma coisa que consolide a imagem da sua marca e crie memoria.
Introduzimos muitas vezes na nossa equipa agências de comunicação que tratam da imagem e do branding dos nossos clientes pois o espaço de trabalho é muitas vezes considerado o expoente máximo da linguagem corporativa dos nossos clientes.
São clientes que articulam muito bem a componente emotiva de aceitarem um investimento maior para criar maior impacto no cliente com a componente racional que começa sobretudo pela sua estratégia de marketing e de comunicação que tem inicio logo com a localização e caracter do imóvel; apostando no conhecimento técnico de arquitectura dos técnicos escolhidos pois é de salientar que é nestes projectos onde encontramos infraestruturas mais pesadas e complexas e leis mais exigentes de segurança e higiene no trabalho, com uma imagem corporativa, rigor orçamental e rigor de prazos como não encontramos nos dois perfis traçados anteriormente.
É muito importante integrar na equipa um project manager para garantir o cumprimento de orçamentos e prazos agilizando toda e qualquer dificuldade que possa acontecer em obra e resolvê-la de forma pronta e imediata. De lembrar também que em muitos condomínios de escritórios, clínicas ou centros comerciais as obras estão interditas durante o período de dia pelo que o planeamento é fundamental para evitar ao máximo qualquer surpresa durante o período da noite, no qual o mais pequeno problema pode ganhar dimensões imensuráveis.
Defini uma cultura na minha empresa de criar uma rede de parceiros que permita responder ao cliente de forma especializada e personalizada a cada projecto recorrendo aos parceiros necessários para cada caso e cada cliente desde o momento 0 em que o cliente procura o activo certo para si até ao momento em que lhe entregamos pronto o produto finalizado.
A Arquitectura tem de funcionar e responder às necessidades do cliente.
Na MBM Architecture and Consulting e na MBM Real Estate Investments criamos soluções personalizadas e dedicadas à necessidade de cada cliente.
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